Michael Winetzki, MI, 33º da ARLS Tríplice Aliança 341 de Mongaguá
Da Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras
Meu pai nasceu numa pequena aldeia da Ucrânia, quando esta nação fazia parte do bloco da URSS (União da Repúblicas Socialistas Soviéticas) e cursou a Academia Militar até se graduar como capitão de artilharia do exército soviético. Falava russo e contava que a mãe Rússia nasceu séculos antes na cidade de Kiev, capital da Ucrânia.
Ele participou desde a entrada da URSS na Segunda Grande Guerra onde combateu ao lado de soldados de todas as etnias daquele grande bloco, e muitos anos depois me dizia: - nunca confie nos fanáticos russos, na origem eles eram eslavos, vikings, e só entendem a linguagem da violência. Somos primos irmãos, ucranianos e russos, tudo gente boa, mas os fanáticos são capazes de qualquer coisa: mentem, roubam, matam, tudo em nome de uma causa que nem sequer entendem, a Grande Rússia.
A mesma coisa vale dizer para o atual conflito em Israel. Judeus e árabes são primos irmãos, desde a origem comum com Abraão. Viveram no mesmo território durante muitos séculos em ordem e paz, que foi apelidado de Palestina (Philistina, terra dos filisteus) pelo imperador romano Adriano. É uma lenda a ideia de que o conflito árabe israelense é secular, na verdade é relativamente recente.
O conflito não se dá pelas religiões diferentes. O Deus é o mesmo qualquer que seja o nome que se dê a ele. Carlos, Charles, Carlo, Caroli, qualquer que seja o nome que se dê, é sempre a mesma pessoa. Mas nenhum dos Deuses de qualquer religião prega conflito, guerra, matança. Na verdade, apenas para pontuar um dos mais sagrados preceitos do islamismo é a hospitalidade que deve ser dada a qualquer pessoa, inclusive aos inimigos.
Com a queda do Império Otomano e a entrada em cena do Protetorado Britânico na região, no início do século 19, tem início uma série de pequenos conflitos entre milicianos muçulmanos e colonos judeus lá estabelecidos pela posse de terras e mais importante ainda, de fontes de água, indispensável a sobrevivência naquela área desértica. Havia judeus secularmente estabelecidos e havia judeus recentemente estabelecidos em terra compradas por mecenas judeus como o Barão Hirsch e os Rotschild. A maior parte vivia em paz.
Eu nasci em Israel em 1950. Ao final da Grande Guerra, papai, judeu que era, imigrou para Israel, para ajudar a construir uma nação. Vivíamos próximos a Hadera, uma cidade criada sobre um pântano drenado, onde ele entregava barras de gelo com uma carrocinha, indistintamente para palestinos ou judeus, numa época de escassa energia elétrica e praticamente nenhuma refrigeração.
As instalações públicas e industriais, como a fábrica de gelo e o hospital foram herança deixadas pelos ingleses. Também foi deixada como herança a simpatia que os ingleses tinham pelos nativos árabes, mais ricos e afluentes, do que a maioria dos pobres colonos judeus. Em diversas ocasiões os ingleses fizeram vista grossa a agressões cometidas contra os israelenses.
O conflito atual não tem motivação religiosa ou territorial. Na realidade, se os povos árabes quisessem poderiam elevar exponencialmente o padrão de vida dos palestinos de Gaza e Cisjordania com o extraordinário poder econômico de que dispõe, haja vista por exemplo o salário pago a Neymar que proporcionaria boa vida a centenas de famílias palestinas. Mas o interesse é o terror, apenas a maldade de extremistas fanáticos, cujo deus é o deus da mortandade, do extermínio e não o suave Alah do Alcorão.
Como papai dizia: - não se pode confiar em fanáticos. Eles são capazes de qualquer coisa, guardam e reciclam o seu ódio e a prova disso foi a barbárie como que atacaram Israel, decapitando bebes e matando civis em suas casas e camas. Não há alternativa para Israel além de tentar exterminar o Hamas. Claro que como um câncer talvez fiquem algumas células remanescentes. Infelizmente também usando como metáfora o tratamento do câncer outras células saudáveis serão afetadas pela rádio ou quimioterapia, e me refiro ao pacífico povo palestino que irá sofrer com a invasão. Não existem alternativas. Os próprios palestinos são reféns do Hamas, assim como os moradores das comunidades do Rio de Janeiro são reféns do tráfico.
O que resta é rogar a Adonai, Alah, Jesus que o conflito seja encerrado com o menor número possível de baixas de ambos os lados e que povos irmãos e vizinhos voltem a viver em harmonia e paz. Shalom. Salam.
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