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O simbolismo do Rei Salomão para a maçonaria.

Atualizado: 14 de jun.




Michael Winetzki MI 33 da ARLS Tríplice Aliança 341 de Mongaguá, SP, da AMVBL


Nos ritos maçônicos de origem francesa, como o REAA, costuma-se chamar a cadeira do Venerável Mestre de “Trono de Salomão”. Essa denominação tem caráter simbólico e significa que o VM, deve exercer, na condução da Loja, sabedoria, bondade, justiça e boa administração, assim como fez aquele Rei de Israel. É oportuno saber, especialmente nos altos graus, como viveu o Salomão, quais foram as suas ações, seu pensamento e a simbologia de seus atos.

Salomão, em hebraico “Schlomo”, em árabe “Suleiman” deriva da raiz Shalom, que significa PAZ, no caso “pacífico” ou também “pacifica dor”. Sua história se encontra nos capítulos 1 a 11 do primeiro Livro de Reis e no segundo livro de Crônicas (capítulos 1 a 9). Governou Israel de 960 a 922 AC. Diplomata sensato e habilidoso não só manteve o reino herdado do seu pai, o Rei Davi, como o levou o a máxima extensão, governando de Damasco (hoje na Síria) a Petra (atualmente na Jordânia).

Muitas de suas alianças econômicas e militares foram proporcionadas por seus casamentos. Consta que teve 700 esposas e umas 300 concubinas, o que é uma espécie de recorde mundial de matrimônios.

Dotado de grande sabedoria e habilidade nos negócios construiu uma grande frota, criou e explorou rotas comerciais com o Egito, Arábia, Mesopotâmia, entre o Mar Vermelho e Ofir, a atual Somália, comercializando ouro, prata, madeiras nobres, joias, marfim e alimentos. Construiu fundições de cobre, minas de prata no Sinai, as famosas Minas do Rei Salomão, desenvolveu a criação de animais e a construção civil, as artes e ciências como a literatura, história, filosofia e música, e na sua época se inicia a redação do Pentateuco, a Torah. Construiu instalações militares e comerciais, palácios, tribunais, e sua obra máxima, o Templo de Jerusalém que levou sete anos para ser construído e foi inaugurado no 11o ano de seu reinado.

Importante para o simbolismo maçônico é o pedido que fez ao Senhor para lhe dar sabedoria. A prece foi feita em GABAON, cidade conquistada por Josué ao norte de Jerusalém, Como o hebraico não tem vogais, as letras que denominam a cidade também podem ser lidas GIBEON, GIBRAN OU GIVON. O Livro Santo nos conta em I Reis, 3:4 “Foi o Rei a Gabaon para lá sacrificar, pois era o altar principal e mil holocaustos sacrificou Salomão naquele altar” quando solicitou sabedoria. A tradição da Igreja Ortodoxa Copta da Etiópia conta que Salomão teve um filho com a Rainha de Sabá, chamado Menelik I, que viria a ser o futuro Rei da Etiópia e cuja descendência ainda permanece atualmente. A história conta que foi Menelik que tirou a Arca da Aliança do Templo de Israel e a levou para seu reino, onde está até hoje numa gruta, na Igreja de Santa Maria do Sion, na cidade de Akum, norte da Etiópia. A construção do Templo foi provida com trabalho escravo ou forçado e praticamente esvaziou o tesouro para pagar as despesas oriundas de importações de materiais e construtores especialmente de Tiro, atual Líbano. O aumento dos impostos gerou grande descontentamento popular. Nesta época criou 12 distritos administrativos que não coincidiam com a fronteiras históricas das tribos, e além disso obrigou cada distrito a pagar por um mês as despesas da corte e isso criou graves crises e seu reinado. Nos últimos anos de vida sua moral também decaiu. Por influência das esposas passou a adorar deuses pagãos, teve com portamentos e atitudes que desagradaram a ortodoxia do judaísmo e ao morrer seus herdeiros dividiram e enfraqueceram o Reino e sua dinastia por fim acabou.

Salomão escreveu três dos livros bíblicos e alguns salmos: O Livro dos Provérbios, o Eclesiastes e o Cântico dos Cânticos. O Livro dos Provérbios é sobre a sabedoria da vida. Eclesiastes (aquele que congrega) é um livro de autorreflexão sobre a filosofia humana e Cântico dos Cânticos é um livro de amores eróticos, carnais, sublimado em linda poesia.

São lhe atribuídos também outros livros apócrifos, como a Chave de Salomão, o Testamento de Salomão e ainda outros, todos falsos. No Livro Eclesiastes encontramos o pensamento de Salomão, que passeia por sua mente sem plano definido, que se re pete e se corrige, mas é repleto de filosofia e sabedoria. Todos conhecemos os seus ensinamen tos: Vaidade das vaidades... Que proveito tira o homem com o trabalho com que se afadiga debaixo do sol. Uma geração vai, uma geração vem e a terra sempre permanece.... e prosse gue lamentando até o final – O que foi, o que se fez, se tornará a fazer, nada há de novo debaixo do sol! Para Salomão, que a história conta ter sido o mais rico e mais sábio entre os ho mens, tudo é decepcionante, a riqueza, o poder, o amor, até mesmo a vida. Ele escreve: a finalidade da vida é a velhice e a morte. Diz ainda: A morte atinge a todos, sábios e néscios, ricos e pobres. Salomão se alegra com as modestas alegrias da exis tência. É atormentado pelo mistério do Além. Afirma que Deus não deve prestar contas. Enfim, lista um longo código de ética baseado nas leis naturais.

A vida de Salomão é um exemplo de erros, acertos e contradições. Para os maçons fica o exemplo da fase brilhante do Rei: sabedoria, justiça, paz, boas re lações, enfim, AS VIRTUDES. Mas sua vida nos alerta também para o declínio e decadência moral, a inépcia e ignorância, OS VÍCIOS. É a maçonaria que estabelece os marcos do caminho reto que devemos seguir, do esforço e dedicação necessários, simbolicamente o desbastar da pedra bruta, para que ao final do trajeto possamos finalmente vislumbrar a luz. Como ensinam nossos rituais: Irradiar por toda parte a luz que recebestes, procurai na sociedade as inteligências livres, os corações bem formados, os espíritos elevados, que fugindo dos preconceitos e da vida fácil buscam uma vida nova, e podem se tornar elementos poderosos para a difusão dos princípios maçônicos, – assim como são os ensinamentos do Rei Salomão

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