Alexandre Gomes Galindo - Cadeira AMVBL nº 07
É esperado de cada Membro de uma Academia a elaboração de um elogio solene ao patrono de sua cadeira. Desta forma, teço a abertura desta prazerosa tarefa com algumas reflexões iniciais.
Ao cruzar o portal desta Confraria, geralmente carregamos uma expectativa sobre nosso real papel como membros de uma entidade desta natureza. Sobre este aspecto, acho oportuno resgatar um breve trecho das palavras de Joaquim Nabuco que, em seu Discurso de Posse[1] na qualidade de Secretário da Academia Brasileira de Letras durante a Sessão de sua Fundação em 1897, destacou o papel a ser assumido pelos integrantes da primeira geração.
“Nós, os primeiros, seremos os únicos acadêmicos que não tiveram mérito em sê-lo, quase todos entramos por indicação singular, poucos foram eleitos pela Academia ainda incompleta, e nessas escolhas cada um de nós como que teve em vista corrigir a sua elevação isolada, completar a distinção que recebera; só dora em diante, depois que a Academia existir, depois de termos uma regra, tradições, emulação, e em torno de nós o interesse, a fiscalização da opinião, a consagração do sucesso, é que a escolha poderá parecer um plebiscito literário. Nós de fato constituímos apenas um primeiro eleitorado.
As Academias, como tantas outras coisas, precisam de antiguidade. Uma Academia nova é como uma religião sem mistérios: falta-lhe solenidade. A nossa principal função não poderá ser preenchida senão muito tempo depois de nós, na terceira ou quarta dinastia dos nossos sucessores.”
Vejo a Academia Maçônica Virtual Brasileira de Letras como fruto do transbordamento do amor manifesto de escritores que, no início da segunda década do Século XXI, assumiram corajosamente o desafio de congregar pessoas com intuito de implementar esforços inovadores voltados para o desenvolvimento da cultura e das letras maçônicas em geral, bem como discutir e produzir estudos nas diversas áreas do conhecimento, estimulando o crescimento da literatura brasileira.
Esta iniciativa de homens de letras que surge do seio maçônico carrega em si o peso natural da responsabilidade dos seus integrantes em consolidar os alicerces desta casa para que as novas gerações possam dispor de uma tradição que seja vista como diferenciada e como promotora do desenvolvimento da cultura humana.
Ainda em seu discurso, Joaquim Nabuco aponta para esta responsabilidade, inerente aos fundadores e primeiros integrantes das cadeiras, afirmando que “a nossa principal função não poderá ser preenchida senão muito tempo depois de nós, na terceira ou quarta dinastia dos nossos sucessores”.
As pedras em lapidação que passam a integrar os alicerces, colunas, paredes e outras estruturas desta catedral, representadas pelos nossos acadêmicos, darão contorno a uma tradição que certamente estará alinhada com o fomento da essência para além da mera produção ou do capricho humano. Neste ponto, resgato novamente o discurso do patrono desta Cadeira. Nas palavras de Nabuco: “(...) a uma Academia importa mais elevar o culto das letras, o valor do esforço, do que realçar o talento e a obra do escritor.”.
E é sustentado nestas reflexões, que entendo não haver margem ao nosso papel para além de honrar em pensamentos, palavras e ações, os patronos, bem como, os contemporâneos e as gerações futuras, primando pela manifestação da “mocidade perpétua” a ser refletida em nossas obras.
Aqui, nos remeto mais uma vez ao Patrono da Cadeira 07 da nossa Confraria quando comenta sobre mocidade perpétua do escritor de uma Academia, ao afirmar que “quando se fala da mocidade perpétua de um escritor [...], não se quer dizer que não envelheceu, mas que o fundo de verdade humana que ele recolheu e exprimiu continua a ser sempre verdadeiro.”.
Eis a nossa senda comum.
Que seja trilhada com amor.
[1] Disponível em: Academia Brasileira de Letras (https://www.academia.org.br/academicos/joaquim-nabuco/discurso-de-posse)
Acesse abaixo o Artigo na íntegra com o Panejírico completo de Joaquim Nabuco
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